Sempre aprendi que era importante pedir perdão ou perdoar as pessoas, mas conheci outras formas de olhar o perdão que fizeram sentido pra mim e hoje compartilho com você.
O perdão pode ter vários significados e cada pessoa pode percebê-lo de uma forma...
Existe uma forma de perdão que está no comando da situação, é aquele que dita o certo e o errado. Se eu fiz algo que considero errado, o perdão vem e alivia a minha pena. Quase que tira a responsabilidade pelo que eu fiz.
Ou quando eu estou nesse lugar de perdoar o outro é como se eu falasse:
"o que você fez está errado mas eu alivio a sua pena".
Então fico num lugar de grandeza diante do outro. Não num lugar de igualdade, percebe?
“Eu sei o que é melhor e eu decido te perdoar.”
É diferente de um perdão que flui no coração desde um lugar interno de compaixão com aquele olhar “eles não sabem o que fazem”.
Um olhar que reconhece a dualidade humana, que sabe das nossas fragilidades, que sabe que muitas vezes uma pessoa vai ter aquela ação porque está sujeita à uma cultura, ou porque está impregnada de crenças...
Ontem fui no mercado, levei minhas compras no carro e fui devolver o carrinho, coloquei do lado de outro carrinho que estava por ali, mas uma senhora disse: “não sei porque as pessoas deixam os carrinhos aqui, não vêm que atrapalha?”, eu não tinha me dado conta de que atrapalhava, reconheci, e tirei o meu carrinho e o outro que estava neste mesmo lugar.
Se eu olhasse com um olhar de superioridade e falasse "eu te perdoo por me tratar assim", seria uma coisa, mas um olhar de compaixão é reconhecer o quanto aquela mulher estava presa a medos, angustias pessoais que refletiam na sua fala. E aquilo nem doeu em mim. Senti dentro de mim um “ta bom”, como um reconhecimento.
Outra face do Perdão é quando entramos na atitude de vítima implorando por perdão.
Como é isso?
Quando eu acho que fiz alguma coisa errada, mas não quero assumir a responsabilidade das minhas ações, peço o perdão do outro. Para aliviar o peso que carrego.
Porém desde um lugar de vitima, não existe força de ação, então a pessoa fica numa lama, e nada flui na sua vida porque está esperando o perdão.
Como se ficasse girando em círculos, remoendo a situação que aconteceu às vezes há muitos anos atrás.
“não serei feliz enquanto minha mãe não me perdoar” (o pior é que às vezes a mãe já morreu e ela ainda fica nessa).
Já percebeu isso em alguma pessoa ou em você mesma?
É importante que a pessoa reconheça a dor do que aconteceu, entre em contato com sua responsabilidade da realidade, e possa aprender com isso, para então poder soltar a necessidade de ser perdoada. No final eu vou falar sobre a forma que eu vejo o perdão.
Existe o perdão que usa um chicotinho, aquela famosa cobrança que temos sobre nós mesmos, quando pegamos o chicotinho que ficamos nos punindo.
“você tinha que fazer diferente”, “porque agiu assim?”...
Aí a gente pode usar o perdão para nos perdoar, aliviando nossas culpas.
Mas corremos o risco de cair num lugar de autoridade diante de nós mesmos, como se fôssemos juízes dando ou aliviando sentenças.
Também existe a cobrança de se perdoar, onde falamos “você tem que perdoar”, e acaba gerando um nó no coração como:
“Tenho que fazer algo que não consigo?”
O perdão vem muitas vezes acompanhado da necessidade de MUDAR algo lá trás, como se eu quisesse que o aconteceu fosse diferente do que foi e por isso perdoo.
Como se fosse uma borracha que colocássemos no passado e fingimos que isso não tenha existido.
Mas acaba gerando um vazio e perdemos a força que as experiências nos geram.
Como fazer então?
Aprendi uma palavra que se chama ASSENTIR, é quando eu deixo que a experiência vivida me toque e descanse em mim.
Significa que eu OLHO para a situação que me gerou desconforto, percebo quais sentimentos e sensações geram em mim, me permito ser tocada pela vida, e algo se transforma em mim.
Eu deixo de querer que a situação mude, eu simplesmente vivo ela. Abro meu coração à ela.
Dizendo um SIM que vem do meu coração.
De um lugar interno que vai além da mente.
Minha mente vai querer julgar o certo e o errado.
Mas quando vou além, numa dimensão que a Claudia dos Movimentos Essenciais chama de dimensão quântica, posso ver a perfeição da imperfeição.
Assim, reconheço a perfeição da vida, e deixo de brigar querendo que a vida seja diferente do que é.
Não há nada que ser mudado, tudo pode ser vivido. Não há o que perdoar e sim que assentir.
Desta forma me coloco como igual aos outros, vivendo uma experiência humana que tem sentimentos, tem acertos, tem erros, e tudo isso faz parte!
Pode ser que esta visão seja muito nova pra você e não precisa concordar comigo... só estou expressando o que eu aprendi.
Fique à vontade para compartilhar qual é seu jeito de ver o perdão.
Nesse vídeo eu falo um pouco mais sobre as Faces do Perdão:
“O perdão não é uma borracha que apaga o passado”
É uma ilusão querer que minhas atitudes sejam perdoadas ou que a ação terrível do outro seja perdoada como se o perdão gerasse um reset, uma tela em branco e começasse tudo do zero…
Se fazemos isso, estamos ainda negando o que aconteceu, rejeitando nossas atitudes e as dos outros e não estamos nos relacionando com a realidade.
Como se fôssemos juízes escolhendo o que pode existir na Vida e o que não pode.
Imagine que audácia!
Quando olhamos para o que incomoda, sem querer apagar, é possível:
percebemos quais sentimentos são gerados em nós,
quais crenças estão por trás,
como podemos crescer…
A partir daí surge um espaço para a reconciliação, onde podemos…
AMAR as atitudes que não gostamos em nós...
AMAR aquilo que o outro fez que eu não gostei…
Assim, o PERDÃO não é algo que exclui, mas é uma atitude de se permitir ser atravessada pelo AMOR.
Como é para você?
Gente, essa sou eu, intensa e profunda em minhas reflexões, isso que me encanta na vida, mas não se acanhe se não for uma verdade pra você…
Estas “verdades” estão em constante transformação em mim também.
Tá difícil de perdoar?? desencana.
A gente não tem varinha mágica pra apagar o que aconteceu.
Mas a gente olhar o que aconteceu de frente parando de brigar com a realidade.
Isso que aconteceu pode ser uma atitude que vc tenha tido:
“fui estúpida com alguém”,
“falei algo que machucou o outro e não queria ter falado”,
“me coloquei em um relacionamento abusivo por muitos anos”
OU
Pode ser que alguém tenha feito algo terrível pra você…
“fui tratada como um lixo”
“fui agredida verbalmente”
“puxaram o meu tapete”
Independente do que tenha acontecido, já aconteceu.
Se a gente fica brigando com isso, é como se ficasse agitando as águas de um lago, e toda aquela agitação também fica existindo no meu corpo.
Quando paramos de brigar, as águas se acalmam e podemos ver a realidade que está no fundo do lago.
Aí, neste momento estamos nos relacionando com a Vida.
Então, ao invés de querer perdoar e continuar brigando com isso que tá difícil, experimente soltar a necessidade de mudar algo.
Este é o convite…
Nesse vídeo compartilho uma prática pra você fazer junto comigo para deixar as águas calmas!
Me conta o que você achou nessa reflexão?
Como foi isso na minha vida?
Eu me Maltratei muito tempo porque não queria aceitar que tinha sido rejeitada.
A bulimia era uma tentativa de pôr pra fora aquela dor...
A raiva não expressada que gritava na minha mandíbula apertando os dentes…
Os pensamentos a milhão, criando mil e uma cenas de filmes com finais diferentes para a minha vida.
A realidade é que eu queria um homem, mas ele não me queria.
Simples assim, não é?
Só que não…
Fiquei inconformada com isso e lutei muito para que fosse diferente e nessa luta com a realidade, fui me afundando.
Claro que mergulhei em locais mais profundos que tinha haver com a minha sensação de ser rejeitada na infância (não que minha mãe tenha feito isso, mas foi como minha criança percebeu).
O que tudo isso me mostrou?
Que, quando vejo a realidade e sinto a dor dela, no caso, a dor de ser rejeitada, posso me abrir a viver essa experiência na minha vida.
Integrando essa dor.
Abrindo o coração para Amar os que rejeitam e os que são rejeitados.
Mais do que excluir os que rejeitam, posso amar eles, porque me possibilitaram reconhecer a dor que isso gera quando sou eu quem estou rejeitando.
Mais do que excluir os rejeitados- mendigos, loucos, deficientes- posso me reconhecer como um deles, percebendo a dor da rejeição, e assim poder amar de outra maneira.
Ainda me vejo aprendendo com isso de diferentes formas na minha vida.
Mas, falando sobre o Perdão…
Adiantaria eu falar que perdoava esta pessoa pelo que ela me fez como algo que teria que ser apagado já que foi ruim?
Poderia ser até que eu me sentisse bem, como superior a esta pessoa julgando o que ela fez e vendo ele como um pequeno pecador.
Mas isso não se sustentaria no tempo, porque ainda assim estaria negando a realidade, e não aprenderia a lição dessa situação.
Quando reconheço os aprendizados que esta pessoa e esta situação me trouxeram, posso ser grata e acolher tudo que foi do jeito que foi.
Não há nada que precise ser mudado em nossas Vidas, tudo pode ser vivido!
Até o fato de eu me maltratar pode me ajudar a tomar consciência das minhas escolhas no dia de hoje.
Como é para você ouvir esta história?
Onde toca aí?
com amor,
Laís
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